Trabalhar como dentista nos Estados Unidos é o sonho de muitas pessoas. Além do desejo de morar em outro país, outra razão para atuar com odontologia nos EUA é o retorno financeiro: os ganhos anuais dos dentistas generalistas são em média US$ 159 mil dólares, o que dá uma média de US$ 13.250 mensais de acordo com o Departamento de Estatística Trabalhistas dos Estados Unidos (U.S. BLS)
No entanto, para que você possa trabalhar como dentista nos EUA, é preciso revalidar o seu diploma e é sobre isso que vamos falar hoje.
Primeiros passos
Para validar o diploma e trabalhar como dentista nos EUA você precisa passar por duas etapas: a de requisitos acadêmicos e as provas de conhecimentos, necessárias a todos os profissionais da odontologia que atuam nos EUA, inclusive americanos.
Sobre os testes não tem como fugir: você terá que realizá-los, além de fazer o TOEFL – que é o teste de inglês para quem não é americano e é requisito básico para ser aceito na universidade.
Quanto aos requisitos acadêmicos, existem alguns caminhos possíveis, desde fazer 2 anos de universidade, até residência em odontologia ou uma especialização.
Além de fatores financeiros e pessoais, outro ponto precisa ser levado em consideração para escolher a forma como você vai validar seus requisitos acadêmicos: o estado em que você vai morar.
Acontece que os EUA tem 50 estados e cada um deles tem leis e regras diferentes sobre as exigências para os dentistas atuarem. Portanto, nem todos os estados aceitam todas as formas de validar o requisito acadêmico.
Por isso, é fundamental que você pesquise no Board (Conselho) estadual e verifique se determinada forma é aceita como validação para dentistas estrangeiros.
Validando o diploma de dentista
Validar o diploma de ensino superior nos Estados Unidos é indispensável para exercer uma carreira. O processo é criterioso, mas vale a pena, principalmente, considerando o tempo investido na formação e o retorno financeiro que se tem a partir da conquista.
Para garantir a validação do diploma, o dentista precisará passar pelo Integrated National Board Dental Examination (INBDE), que é aplicado não só para quem deseja reaproveitar a graduação concluída fora dos EUA, mas para todos os estudantes de odontologia (é uma espécie de exame da OAB para advogados, mas aplicado aos dentistas).
Requisitos acadêmicos
Existem várias formas de completar os requisitos acadêmicos. Uma delas pode ser usada em todos os estados e as outras você precisará verificar no estado em que pretende morar se ela será aceita para a sua atuação profissional.
International program ou Advanced Standing Program
Este é o programa universitário mais conhecido por quem deseja validar o diploma de odontologia nos EUA. Ele é voltado para estrangeiros e é oferecido por algumas universidades americanas.
Tem duração de 2 anos e para ingressar você precisa, além do TOEFL e do diploma de odontologia brasileiro, passar na prova do INBDE. A grande vantagem desse programa é que cursando ele, você poderá atuar em qualquer estado americano.
Como desvantagem é importante você saber que:
- custo alto (cerca de US$ 100 mil por ano);
- o conhecimento é generalista, de forma que você estudará muita coisa que já estudou no Brasil;
- ao terminar você será considerado recém-formado para o mercado americano.
Revalidação por residência
A residência em odontologia é outra opção de validação, mas a desvantagem dela é que não é aceita em todos os estados. Cerca de 20 estados aceitam esse estudo para completar requisitos acadêmicos de dentistas estrangeiros.
Existem dois tipos: a Advanced Education in General Dentistry Program (AEGD) que é uma residência clínica e a General Practice Residency (GPR) que é hospitalar. Elas têm duração de 1 ou 2 anos, dependendo do programa.
A grande vantagem de escolher a validação por residência é que seu currículo ganha mais peso no mercado americano e muitos programas oferecem bolsas de estudo, ou seja, você é pago para estudar.
Revalidação por especialização
E a terceira forma de revalidar seu diploma de odontologia é por meio de uma especialização. A grande vantagem é que você se posiciona no mercado como especialista e isso é bastante importante nos EUA.
Ao contrário do Brasil, que os dentistas têm especializações, às vezes até mais que uma, nos Estados Unidos isso não é tão comum. Portanto, ao terminar esse curso em 1 ou 2 anos, você pode até dobrar seus ganhos. Interessante, não é?
Você também pode conseguir bolsas de estudos, sendo que há uma receptividade grande de estrangeiros para esses programas. A desvantagem é que também não é aceita em todos os estados.
Cumprindo exigências dos Boards Estaduais
Depois de concluir o seu curso na universidade e no formato escolhido, ainda há mais um requisito: um exame clínico que deve ser realizado de acordo com o Board Estadual. Ele é feito com simulações e situações reais em que você mostra que está apto para o exercício da profissão.
Depois, deverá cumprir mais algumas exigências dos conselhos estaduais de odontologia. Alguns exigem apenas provas extras, enquanto outros solicitam provas clínicas para testar os conhecimentos práticos, com a supervisão de um professor.
Viabilizando sua mudança para os EUA
Como você viu, o processo para validar o diploma de dentista demora pelo menos 1 ano e precisa ser feito todo nos Estados Unidos. A sua mudança pode acontecer para fazer o curso universitário ou pós-graduação, com um visto J-1 ou F-1.
Mas, outra opção é conseguir o Green Card antes de tudo isso, por meio do visto EB-2 NIW. Se você conseguir cumprir os requisitos deste visto imigratório e tiver condições financeiras, é um caminho bem interessante. Ter o Green Card pode facilitar que você consiga bolsa de estudos ou empréstimo estudantil para o pagamento de seus estudos.
Ademais, você pode fazer a sua mudança para os EUA com um outro visto de trabalho e atuar como Dental Assistant ou Dental Hygienist. Tratam-se de duas profissões ligadas à área da odontologia que possibilitam um salário que pode viabilizar sua adaptação no país e preparo para a revalidação do diploma em odontologia.
Por esse motivo, trago mais detalhes sobre cada uma dessas profissões a seguir.
Qualificação para Dental Assistant
Mesmo sendo um dos meios mais rápidos para começar a exercer o ofício, para se tornar um assistente é preciso fazer um curso complementar. Em Boston, por exemplo, a demanda por esses profissionais é alta e vem crescendo, principalmente, nos grandes consultórios.
O auxiliar atua desde a marcação da consulta com o paciente, passando pela limpeza e higienização da sala, até o suporte na execução de alguns tratamentos e encaminhamento para os dentistas.
Nos Estados Unidos, essa qualificação (Continuing Education ou Educação Continuada) é similar aos cursos profissionalizantes brasileiros — são curtos e focados na prática. O tipo de curso que você precisará fazer depende do estado em que você trabalhará.
No Arizona, por exemplo, para quem não tem um curso superior na área da saúde, há formações com prazo de 13 semanas até um ano de duração. Mas, para os que possuem diploma de dentista em outro país, os cursos (que, na verdade, são mais um treinamento) podem ser realizados de forma bem abreviada.
Então, o processo para obter o certificado de dental assistant, para dentistas já formados no Brasil é mais curto a depender do Estado de escolha. Na Flórida, por exemplo, o dentista brasileiro apresenta seu certificado de graduação na Escola de Dental Assistant e se submete ao treinamento, que dura de 24h a 48h, e recebe o certificado.
O papel do Dental Hygienist
Além do assistente, há outra função-chave em um consultório dentário nos EUA: o Dental Hygienist. Ele está acima do auxiliar, pois já tem autonomia para realizar procedimentos básicos e até intermediários, tais como limpeza, raspagem, aplainamento radicular, profilaxia etc., incluindo atividades que exigem anestesia local (considerando que tenham recebido treinamento prévio para isso).
Pode-se dizer que a principal demanda desse cargo é fazer o acompanhamento dos pacientes. As consultas de rotina, cujo objetivo maior é avaliar ou prevenir problemas bucais, ficam sob a responsabilidade desse profissional. Ele funciona como um filtro durante o atendimento, delegando casos específicos para o dentista e, muitas vezes, já oferece um diagnóstico prévio.
Vale citar que a função também existe no Brasil, mas não é comum encontrá-la ocupada nos consultórios dentários. Geralmente, o dentista incorpora as atividades, a fim de reduzir ou não ter um custo maior.
Os requisitos para assumir a função variam de estado para estado, mas o fato de você já ter o diploma em odontologia no Brasil abrevia esse processo, já que ele pode entrar em substituição aos cursos específicos em alguns estados.
Em todos os estados, no entanto, é necessário passar no exame do Conselho Nacional (NBDHE) e em um teste clínico para, então, solicitar o licenciamento para exercer a profissão no estado.
Na Califórnia (São Francisco), por exemplo, é preciso ser licenciado através do Comitê de Higiene Dental da Califórnia que, por sua vez, exige que o interessado conclua o programa de licenciatura ou bacharelado em Higiene Dental, credenciado pela Comissão de Acreditação Odontológica (CODA).
Já na Flórida, é preciso passar no NBDHE e no ADEX Dental Hygiene Examination. Além disso, é necessário fazer uma prova de legislação, para testar seus conhecimentos sobre as leis do estado.
Conclusão
A área da saúde é uma das mais bem pagas e reconhecidas nos Estados Unidos. Logo, se você se identifica ou mesmo já atua nela e pretende se mudar para o país, sem dúvida, é uma carreira na qual vale a pena investir.
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